sexta-feira, 20 de junho de 2008

Psicourbanismo


Gosto muito dessa cidade. Acho que o título do blog me delata de imediato. Gosto da aura daqui. Das pessoas que estão aqui. Obervá-las caminhando e preocupadas consigo é um dos meus mais raros e favoritos passatempos. Ainda assim, pago um preço caro por morar aqui.

As pessoas, para serem paulistanas não têm que nascer aqui para serem paulistanas. Não é uma imposição geográfica. Devem, acima de tudo, ter força e ambição.

As pessoas que são atraídas por São Paulo, buscam sempre "fazer a vida", ganhar muito dinheiro em pouco tempo. E elas conseguem, desde que sejam fortes e ambiciosas.

Você nunca vai encontrar um paulistano que tenha vindo pra cá para fazer amigos. Como todos vimos em busca de dinheiro, vivemos num simulacro no qual nossos colegas de trabalho são nossos amigos. Não que isso não possa ser verdade, mas amigo tem que ser aquele que a obrigação do encontro parta da vontade das pessoas e não de um horário determinado por leis e gente que a gente nem conhece.

Ninguém procura um amor, ninguém quer uma família, isso é interiorano demais. Pelo contrário, as pessoas deixam suas famílias, seu berço, por terem ambição. Ninguém pensa em vir pra cá e ter um filho; talvez se isso fosse diferente, teríamos mais prédios coloridos. Essa cor cinza da cidade é tediosa. E talvez teríamos mais vontade de ir pra casa jogar video game, e não teríamos essa vonteda de trabalhar e ficar rico. Talvez as sirenes fosse alto falante que pedissem "por favor, posso passar" e não esse grito desesperado e agonizante.

E claro, as pessoas atingem seus objetivos. Mas dinheiro e tempo possuem uma sincronia nada linear. Quanto mais dinheiro você tem, mais o tempo corre. Acho que o tempo não gosta de dinheiro, de forma que quando se vê, os objetivos estão completados, mas a vida... a vida também já está feita. Já está escrita. Acabada. Essa ironia contida na expressão "fazer a vida" só quem é paulistano percebe.

Nenhum comentário: