sexta-feira, 30 de maio de 2008

Pé esquerdo, aquele que a gente não escreve...


Criei este blog um dia depois que minha amiga Jaque me pediu para ajudá-la a criar uma postagem sobre as dádivas de não co-habitar. Fiquei maravilhada com a simples idéia de publicar as várias páginas de baboseiras sem fim que com tanto afinco e graças às minhas horas vadiação pude produzir. Meus contos. Minhas histórias. Uma mistura de diário e livro de histórias.

Pelo título do blog, é nítido que meu intento primeiro era postar um conto, mas... minha página de diário abaixo vai explicar com riqueza de detalhes e ironias os fatos do dia, que se não justificam ao todo, ao menos em partes cumpre sua função.

Primeiro que amanheceu chovendo. Ah! Como eu adoro dias cizentos, chuvosos e frios... São tão confortáveis, tão aconchegantes, tão soturnos e charmosos...

Legais na musiquinha do Jack Johnson. Por que de repente me dou conta que ainda é sexta-feira, ainda tenho doze horas de trabalho pra poder chegar em casa e curtir minha chuva, meu frio e meu edredom. Não, catorze, catorze. Hoje tem academia.

Ok, ok. Não dava pra fugir. Levantei. Não acendi nenhuma luz e fiquei me arrastando, pondo roupas no escuro e arrumando minha bolsa, preguiça, preguiça, preguiça. Pelo menos pensava em tomar café da manhã de meia e pantufa, pão quentinho, crocante. Tomar o que? É, pois é... Morar sozinha tem dessas coisas, se você não foi ao mercado, não vai encontrar nada pra comer. Não estava disposta a cozinhar uma abóbora caipira (o que havia na minha geladeira) pra comer as seis da manhã.

Ok de novo. Melhor sair de uma vez. Pegar o ônibus. Não, não, não. Avançaste demais. Antes do ônibus, filha, o que você tem que fazer? Caminhar, caminhar 200 metros. Pegue o guarda-chuva. Não tinha guarda-chuva. Dos três guarda-chuvas que eu tinha estocado, nenhum resistiu aos temporais dessa cidade.

Depois de me acostumar com o fato de que duzentos metros andando sob chuva ácida não seriam capazes de causar nenhum ferimento que pudesse me garantir um atestado pra ficar em repouso, apenas me deixariam em um estado pouco apresentável, ainda mais para a hora da manhã, chego ao ponto de ônibus. Lotado. Teria crises de claustrofobia com as pessoas aglomeradas e com os vidros embaçados, o excesso de umidade, no ar, nas roupas, tosses e espirros vindos de todas as direções. Claustrofobia também não é sinônimo de dia de descanso.

As próximas 10 horas depois da saga que é ir de um ponto a outro em São Paulo, se resumem em trabalho, e sobre trabalho eu vou falar muito pouco. Trabalho é uma coisa monótona demais pro meu gosto. Vamos fazer assim, como em The Sims, quando eles saem pra trabalhar, avançamos porque o joguinho só tem graça quando eles voltam.

Apesar disso, um dia de trabalho pode fazer muito estrago com a sanidade mental das pessoas. Eu estava com minhas lágrimas prontas, aliás, reprimidas no caminho de volta (ônibus, pessoas tossindo, blá, blá, blá).

O motivo: não encontraria ninguém em casa. Lá ia eu passar o fim de semana sozinha em casa outra vez fazendo as tão odientas tarefas domésticas enquanto todo mundo ia se divertir, tem seus afetos e almoços de família.
E assim, nesse depressivo estado de espírito, me convenci de que precisava pelo menos de um pão para o café da manhã. Mercado. Durante as compras me lembrei-me da monografia, da monografia de pós, atrasada, mais vontade de chorar. Lembrei-me de pegar desinfetante, o banheiro continua nojentamente entupido e terei que chamar o encanador. Mais vontade de chorar. E antes que me lembrasse de mais alguma coisa, resolvi passar logo tudo de uma vez no caixa.

De repente, olho para minha cesta de compras e desvendo o mistério: uma bandeja de iogurte de seis unidades, granola (um quilo!!), massa para bolo, barra de cereal, quatro pães francês, mais o pão de forma, requeijão, uma barra de talento, um pacote gigantesco de bolacha recheada de chocolate, um litro de refrigerante uma garrafinha de ice, tic-tac e pra completar dois pacotes de absorventes. Dias tensos.

Depois que a gente descobre a causa do problema fica mais fácil controlar as situações. Não se você insistir em levar uma vida normal claro. Porque eu insisti nesse erro, que ora, significava ir para a academia e descobri apenas que meus exercícios se intensificariam com aumento da carga. Pena que a carga em questão esteja acoplada ao meu corpo.

Finalmente! Casa, chuva, frio, meu blog. Estava pronta pra pegar um texto que eu havia escrito em 2006, logo que cheguei em São Paulo, queria postar meu olhar ainda imigrante, de fascínio com a cidade cinza e não essa semi-paulistana reclamenta que me tornei. Achei o arquivo, mas de 2006 pra cá eu me esqueci de muitas coisas, inclusive da senha do arquivo. Tentei um decodificador. Nada. Brainstorm de senhas. Nada. Reza. Nada. Xingamento. Nada. Nada. Nada.

E isso sim foi o catalisador para que eu fizesse esse texto pra postar. Acredite, eu queria começar com minhas histórias que vim tecendo com tanto esmero, palavra a palavra. Ou ao menos, posto que também é um diário, que começasse falando do mágico momento em que eu encontrei o amor da minha vida na Hípica, descobrindo ainda sua linhagem nobre e seu dever junto ao seu povo num pequeno, confortável e muito rico reino que eu nem sabia que existia.

Bah! Hora de terminar que isso é um espaço destinado a contos paulistanos. Contos de fadas estão em outro lugar.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pra começar...

Escrever sempre foi um prazer e uma companhia. E quando eu falo sempre, é quase sempre mesmo, desde uns três ou quatro anos de idade.

Isso não quer dizer que escrever seja fácil. Pelo contrário, as palavras saem de mim com muito mais dificuldade agora. Elas, as palavras, são perigosas, se espreitam por entre seus significados, significante, signos e essas coisas que os lingüistas insistem. Ainda assim, adoráveis. As palavras são místicas: é mágica a forma com que moldamos as palavras e por simples combinações de traços golpeamos, curamos, criamos cicatrizes.

Mas existem coisas das quais não podemos fugir. E escrever talvez seja mesmo minha sorte.

Aqui, um pouco de mim, um pouco do meu mundo São Paulo. Um pouco das pessoas que pertencem ao meu mundo e de alguma forma me pertencem também. As lágrimas que aqui verterei serão negras, como negra seria a tinta que feriria o papel (se não estivéssemos em tempos virtuais).